O Dojo Está Vivo

Um dos ambientes que sinto mais energia são os Dojos tradicionais. Mesmo eu sendo cristão, não sinto nas Igrejas o que sinto em um Dojo como o Dojo Central do Instituto Takemussu. Isso é algo pessoal, não estou mensurando a energia de cada, mas sim como a sinto. O coração falta pular pela boca. Meu nervosismo começa ainda no hotel ao me arrumar para ir a um treino.  Ao entrar pela porta do Dojo, a respiração muda. É perceptível como é carregado de energia. É como se o espírito de todos os mestres que por lá passaram, bem como seus alunos estivessem lá treinando, lendo livros, olhando os quadros ou apenas lhe observando. O Dojo pulsa como se respirasse. Cada um de nós que passa pelo Dojo, troca energia com ele e o mantém vivo, sendo a energia do nosso Shihan Wagner Bull o coração que bombeia.

Meu nome é Joacir Marques de Oliveira Júnior e iniciei a prática do Aikido em dezembro de 1999 em Fortaleza, capital do Ceará. Treino com o Shihan Wagner Bull desde 2004 quando iniciei meus treinos no Yamato Dojo com o Sensei Mauro Salgueiro, porém, a partir de 2005 que pude me aproximar mais me tornando seu aluno direto e fundando junto com o amigo Aguinaldo Júnior, o Yama Dojo – Brazil Aikikai. São ao todo 15 anos de treinos ininterruptos ligados ao Shihan Wagner Bull e 19 anos desde que comecei a treinar Aikido em Fortaleza. Essa conexão com o Sensei Wagner é na minha visão, o mais importante fato na minha vida como artista marcial.

Desde que sou Dojocho, realizei dezenas de seminários e encontros técnicos principalmente com professores do Instituto Takemussu e com o próprio Shihan. Treinávamos no Fort Judô Clube, um excelente espaço que nos acolheu quando começamos. Com o tempo, porém, o espaço ficou pequeno para comportar seminários e precisávamos alugar outro local, além de providenciar tatames, arrumar o ambiente o que dificultava razoavelmente a logística. Nesse tempo já comentava com minha esposa o quanto eu precisava de um espaço somente para o Aikido com a cara do Aikido. Mas fomos realizando os seminários da melhor maneira que podíamos.  Esse filho (um Dojo) era apenas ainda um pequeno sonho distante. Até que pela primeira vez realizei um seminário Internacional com o Shihan Masafumi Sakanashi, que eu aprendi a admirar através dos olhos e comentários do nosso Shihan. O espaço escolhido era a 12ª Cia de Guarda que possuía um tatame bem grande e no qual eu já havia realizado um seminário com bastante êxito com o sensei Nelson Requena que já nesse evento tinha me motivado a um dia criar nosso espaço. Porém nesse evento tivemos um acontecimento que foi muito infeliz e me deixou extremamente envergonhado. O quarto onde iríamos nos trocar havia sido fechado e fui obrigado a ir a um vestiário com o Shihan Sakanashi que estava alagado por causa do banho dos soldados minutos atrás.  Minha esposa Leyne Marques, minha companheira, apoiadora e quem mais me conhece na vida, percebeu meu rosto e perguntou o que houve.  Juntando com o que ela já havia observado no local e com o fato novo, ela me disse: ”Realmente você precisa construir esse Dojo”. Acho que nesse momento, o que era uma idéia, foi fecundada e começou a ter vida.  A partir daí com minha esposa fui procurando terrenos que poderiam receber a construção de um Dojo ou algo pronto que pudesse ser trabalhado para isso. Vendi meu apartamento, dei entrada em um outro somente com parte do valor e resolvi financiar o resto. O restante usei para comprar o terreno em novembro de 2010 e fazer uma viagem com minha esposa para a Inglaterra e Europa.  Fiquei com uma dívida que consegui liquidar em abril desse ano. Vim rolando ela e as vezes acrescentando outras dívidas. No ano seguinte mandei murar o terreno pois estava tendo risco de invasão e minhas trocas de e-mail com o Shihan aumentaram pois queria dar início a algo nele como as fundações por exemplo. Graças a um pedido do Shihan, fui agraciado com uma planta para o nosso Dojo pelo genial arquiteto Eduardo Bastos, aikidoísta de Alagoas. Era como se fosse uma ultrassonografia 3D do nosso sonho. Vieram as fundações, mutirões,  paredes, telhados, chegada do tatame e em 01 de Março de 2013 nosso Dojo era inaugurado em Manaus pelo nosso Shihan Wagner Bull.

Era o primeiro grito do Dojo. Sua primeira respiração. Primeiras energias sendo ali trocadas para formar o espirito do Yama Dojo – Brazil Aikikai. A partir dali tivemos inúmeros alunos, professores vindos de fora que nos acompanharam desde nossa criação, incluindo também o Sensei Leonardo Sakanashi, filho do Sensei Masafumi Sakanashi do qual o fato que ocorreu em seu seminário deu a primeira faísca para buscarmos este sonho. Nesse seminário com o sensei Leo, tivemos ainda a visita em peso do pessoal do Rio e Brasília que aumentou ainda mais a amizade entre nossos alunos com o pessoal do Yamato do meu querido Sensei Mauro, Diegão de Brasília  e galera do Dojo Central que tenho medo de citar nomes que são tantos que nos ajudaram, ainda assim com medo de pecar, não posso deixar de citar a Fabi que tantas vezes esteve presente conosco. Sensei Alexandre que me inspira muito, veio todos os anos. Cada um dos senseis como o Sensei Mauro

 

Meus agradecimentos em especial ao nosso Shihan, a minha esposa Leyne, meus pais e ao Aguinaldo San. A todos os professores e colegas do Instituto Takemussu. Aos meus alunos e ex-alunos, que me ajudam acima de tudo a evoluir junto com vocês.

Publicado por yamadojo

Grupo de Aikido Tradicional em Manaus ligado a Confederação Brasileira de Aikido - Brazil Aikikai. Somos ligados ao Shihan Wagner Bull

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